Salvo pelo Mussulo


Depois de uns dias lutando contra um vírus de computador que encheu meu saco aqui, atrasando inclusive esse novo post, tudo que eu precisava era de um fim-de-semana tranquilo, inconsequente e sem maiores preocupações. De preferência em um lugar bem interessante, que eu ainda não conhecesse. Um paraíso com praias desertas, águas transparentes, areia fina, uma baia com mar calmo de um lado e do outro, mar aberto com boas ondas para quem gosta de surf ou pegar jacaré. Difícil? Pode ser. Mas isso existe e se chama Mussulo. Não é nenhum segredo de estado, nem um daqueles lugares escondidos com acesso complicado. Pelo contrário, o Mussulo é uma ilha que fica a apenas 15 minutos de barco de Luanda e é um dos balneários preferidos do povo por aqui. O que faz ela ser ainda mais perfeita é a sua beleza natural, ainda pouco degradada, apesar de estar tão perto da cidade.

Pois bem, sai-se de Luanda para ir ao Mussulo da mesma maneira da que se atravessa de Valença para Morro de São Paulo: de barco. No estacionamento onde se deixam os carros, pode rolar uma certa confusão por conta dos putos que se oferecem para tomar conta do veículo. No pier, você negocia o preço com os barqueiros que vão levar você (pagamos 800 Kwanzas ida e volta). Mas a dica é só pagar na volta com o serviço completo para evitar frequentes “malentendidos”.
A sensação ao chegar é de um lugar que mistura Boipeba com Ilha do Frades. Já na chegada do barco ao pier, você cai direto em um bar muito legal, o Bassulo. Espreguiçadeiras confortáveis, mar limpo e tranquilo com profundidade e temperatura perfeitas para nadar ou dar apenas um bom mergulho são as maiores atracões do lugar. A música também estava muito boa: som lounge e até um pouco de minimal house cheguei a ouvir. O único senão e a rapidez do serviço. Se você conhece o nível de velocidade “Dorival Caymmi”, acredite, pode existir algo ainda mais lento. Mas existe mais diversão para além do Bassulo. Você pode escolher alugar um jet sky (para quem gosta) ou fazer longas caminhadas pela praia, que é mais a minha. Para se ter uma ideia do nível de preservação, você caminha na praia inteira pisando em siris de tamanho razoável e, colocando a mão na areia, você pega fácil, fácil dezenas de mabangas, um crustáceo que é primo da nossa lambreta – em apenas 1 hora pegamos mais de 10 kg, sem brincadeira nem o menor esforço. Apesar de ter uma bela área de mangue, a praia tem areia branca e fina. Outro bom programa é atravessar a ilha e chegar ao outro lado, onde o mar é aberto e as ondas generosas. Não o fiz porque o sol estava de rachar e trazer protetor solar não era nem a última das minhas preocupações antes de viajar.

O Mussulo salvou meu domingo e me levou para o lado de Angola que eu quero conhecer bem mais: o das belezas naturais, em busca de um pouco de tranquilidade que se contraponha à opressão urbana cinzenta que, às vezes, é tão forte nessa cidade.


Estou acrescentando mais dois links ao Vavê. São blogs de amigos. O primeiro deles é o Eu tava aqui pensando e blábláblá, de Cury, que o povo da música aí de Salvador já conhece bem. Cury tem um texto muito legal. É sempre divertido e ótimo contador de histórias. Tá lançando livro em breve. O outro é de Daniel, planejador mais que competente e que apesar de ter começado recentemente como blogueiro, tem se mostrado bastante prolífico e com uma antena giratória apontada para captar muitos movimentos em diversas áreas. É o Em Ítaca. Podem clicar que valem a pena. Por último, esse post é dedicado a Ubaldo, que faz aniversário hoje. Parabéns e um conselho: guarde o meu caruru.

5 comentários:

Carla disse...

André, estou encantada com o seu blog! Segui o seu link lá no Riq. Tenho o maior interesse por Angola, em parte porque um dos autores que estudo no meu doutorado é angolano, e minhas pesquisas já me levaram a descobrir tanta coisa interessante a respeito do país que acho que vou precisar planejar umas férias por aí... ;-)

Anônimo disse...

Valeu, Carla

Venha mesmo. Angola é um choque constante e está sempre surpreendendo. Um caos e aos mesmo tempo encantador. É só se abrir para a experiência, pois de longe fica difícil entender esse país, esse continente. Fique a vontade no blog. A casa é sua.

FILIGRANA disse...

André, o Bassulo é muito legal, que cenário !!! É pra esquecer da vida mesmo :)

Anônimo disse...

Cheguei aqui(no blog)hoje e prometo voltar sempre!!! ótimos posts, super interessante mesmo!!!
Uma coisa é certa, nunca mais me refiro à África genericamente!!

Um beijo ansioso pelo próximo post!


Marina

Anônimo disse...

Andre, valeu pela referência.
Como você é estrela na web recebi mais de 20 novas visitas a partir do seu site. hehehe
Abração.

Daniel